(Aprender a) escutar, escrever, lutar e fazer cinema (com Jean-Louis Comolli): um encontro em Belo Horizonte

Era o início do século XXI, mais precisamente, no final de 2001, e organizávamos a quinta edição do forumdoc.bh. Para nós, a internet ainda estava no começo, mas já dava para abrir uma conta e ter um endereço eletrônico para nos comunicar com o mundo lá fora. Foi assim que tivemos acesso ao texto Sous le risque du réel de Jean-Louis Comolli, um texto que apareceu pela primeira vez num catálogo denominado Le documentaire c’est la vie, sob a direção de Thierry Garrel para um programa do canal La Sept-Arte, concebido para circular nos centros culturais franceses no estrangeiro. 

Na ocasião, li Sur le risque du réel na tela de um computador (se não me engano, na casa de meu colega Paulo Maia), de uma só vez. Fui tocado pela aposta do autor no documentário como forma de abrir uma fissura na sociedade do espetáculo, para mim era uma proposta conceitual arrebatadora do ponto de vista estético e político. Sabia da importância dos escritos de Jean-Louis no período dos Cahiers du Cinéma, mas não conhecia esta fase nova dos escritos sobre o cinema documentário em particular. Já tinha visto um seu filme, La vrai vie (dans les bureaux) (1993), acredito que na sua primeira exibição, numa sessão surpresa durante o festival Cinéma du Réel, mas não conhecia toda a sua longa obra cinematográfica precedente. Mesmo assim, escrevi um e-mail a Comolli nos apresentando (eu e a equipe do forumdoc.bh) e lhe convidando a vir a Belo Horizonte participar de nosso festival de cinema documentário. Não demorou muito, e ele nos respondeu afirmativamente.

Foi assim que organizamos, no final daquele ano, 2001, uma pequena retrospectiva dos filmes de Jean-Louis Comolli, com a tradução de alguns de seus textos pela primeira vez para o português, que fizemos circular no catálogo do festival: Sob o risco do real; Carta de Marselha sobre a auto-mise en scène; O último fugitivo; Cinema contra espetáculo; Como filmar o inimigo?. Além disso, organizamos sessões comentadas com o próprio Comolli, em companhia da cineasta Ginette Lavigne, sobre os filmes: Moi, un noir (Jean Rouch, 1957), Le moindre geste (Deligny, Manenti e Daniel, 1959-70), La nuit du coup d’Etat (Ginette Lavigne, 2001). Acompanhar de perto a organização deste evento, traduzindo os textos do francês para o português, fazendo a tradução simultânea das suas intervenções diante de um público muito engajado e participativo, tudo isso nos fez mergulhar intensamente no mundo das ideias e das imagens produzidas ou mediadas por Comolli. Além disso, este aprendizado sobre o cinema foi adquirido ao mesmo tempo que se constituía entre nós, do forumdoc.bh e outros amigos de Belo Horizonte (dentre os quais, César Guimarães, Augustin e Rosângela de Tugny), um afetuoso e fervilhante debate em torno de suas ideias. Nossa cumplicidade e amizade foram tão bem solidificadas que resolvemos convidá-lo para voltar ao Brasil novamente em 2005, preparando um círculo de conversas e seminários em torno do cinema, agora sob o patrocínio do Instituto de Estudos Avançados e Transdisciplinares (IEAT) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Para isso, organizamos com JL Comolli sessões bem no estilo Henri Langlois e Jean Rouch, qual seja, exibição na íntegra de um filme documentário decisivo para a história do cinema seguido dos comentários críticos e debate – lembro-me particularmente das sessões cortantes e incomodantes sobre o filme No quarto de Vanda (Pedro Costa, 2000), o filme de nove horas de duração A oeste dos trilhos (Wang Bing, 2003), Como aprendi a superar meu medo e amar Ariel Sharon (Avi Mograbi, 1997), Close-Up (Abbas Kiarostami, 1990). JL Comolli tinha essa capacidade rara de conhecer profundamente os cineastas clássicos, mas de reconhecer e dar a devida atenção aos novos talentos dentro e fora da França.

Podemos dizer, sem dúvida, que essas duas estadias de Comolli em Belo Horizonte foram muito importantes para a formação de um pensamento cinematográfico crítico na nossa cidade e no meio acadêmico (toda uma geração de cinéfilos, ainda hoje, faz ou vê ou escreve sobre filmes tendo em mente as palavras proferidas e os filmes mostrados por ele). A recíproca é verdadeira, pois Comolli foi muito impactado por essa experiência, chegando mesmo a dedicá-la o texto Beauté de l’horizon: un Voyage au Brésil en novembre 2005, publicado primeiro na revista Trafic (2006), em seguida traduzido e publicado na revista Devires (2008) e, por fim, incorporado ao livro Corps e cadre: cinéma, éthique, politique (2012).

Este texto, em si, narra parte das experiências mais incríveis que tivemos junto ao Comolli e à sua passagem por Belo Horizonte e no forumdoc.bh. Ele nos mostra este tipo de cinema que se faz a partir da fricção com o real, e, no sentido oposto, pensa o real a partir do que o “cinema” (num sentido expandido) o perfura e perturba, questões mais do que nunca atuais – ou, dito na forma de pergunta, como todo cineasta (de ficção ou do documentário) tem necessariamente de estar com os olhos e ouvidos abertos para ver-escutar o outro, ou a realidade? 

Naquela passagem de Comolli por Belo Horizonte, novembro de 2005, final do ano, chovia bastante na cidade. Depois de uma sessão de cinema, lá pelas 11 horas da noite, saímos, eu, JL Comolli, Ginette Lavigne, Renata Otto, Rosângela e Augustin de Tugny, dentre outras amigas e amigos, para acompanhar uma sessão de candomblé em Betim, cidade industrial vizinha a Belo Horizonte. Como chovia muito e naquele tempo o GPS não era popular, o caminho até lá foi uma aventura, nos perdemos no meio da cidade, íamos mais ou menos no escuro. Nestes termos, Comolli (2008b, p. 23) guardou na memória: “Noite, carros lançados em uma cortina compacta de chuva, flashes dos faróis de caminhão, como o indefectível clichê ofuscante dos filmes de terror. Chegamos ao terreiro do ‘pai’ Raunei Cacique”. Antes de chegar lá, Comolli omitiu de seu relato, mas é importante lembrar o fato, adentramos em uma rua de terra, cheia de poças de água, barro, e o carro (um velho Fiat Tipo vermelho, muitos terão lembrança dele) atolou. Tivemos de sair dele, empurrá-lo! Depois disso, não sabíamos qual direção tomar, estava mesmo muito escuro o caminho, não tínhamos endereço exato. Paramos no alto de uma rua, desligamos o motor e a luz do carro! Foi a sugestão de alguém para, de longe, tentar ver alguma luzinha ou ouvir algum som que viessem do terreiro! Não vimos a luzinha, mas ouvimos o som! E, guiados pelo som, descemos o morro, quebramos uma viela aqui, outra ali, parando de vez em quando para ouvir o som do terreiro e, assim, para que pudéssemos nos guiar por ele para chegar ao destino – nada de endereço anotado num papel, muito menos de GPS. Claro que Comolli, vindo de Paris, achou aquilo tudo muito mágico. Sobre o terreiro, ele, que já tinha feito tantos filmes, dissertado sobre o cinema e o jazz, assim descreveu parte do que viu e ouviu: 

Como não pensar na união contraditória de desencadeamento e encadeamento dos sons no free jazz? Deflagração e organização. Ordem em plena desordem. A irracionalidade que se une ao cálculo no gesto artístico. A música do candomblé atualiza, aqui e agora, em tempo real, uma luta sem fim entre ausência e presença, transcendência e imanência, determinação divina proeminente e sua encarnação, provisória, precária, frágil, incontrolável, no corpo habitado do iniciado. [...] Quando as divindades baixam em suas adoradoras, começa o transe. É um transe calmo, livre de qualquer histeria: o contrário do clichê. Ficamos surpresos com essa suavidade. As possuídas deslizam, cada vez mais lentamente, de olhos fechados. Ficaram leves como um sopro. Duas ajudantes as acompanham, prontas para apoiá-las em caso de desfalecimento. Não intervirão: apenas os atabaques irrompem; a dança, por sua vez, chama a atenção pela graça. Muitas vezes, ao longo daquelas horas, eu me perguntei como o cinema poderia registrar algo daquela doçura, de um lado, daquela violência, de outro, sem trair nem uma nem outra. O enquadramento, por si só, histeriza a cena: enquadrar, vitrinizar, intensificar. Seria preciso enquadrar tudo em plano aberto e fixo, eu dizia a mim mesmo. Ou, então, filmar apenas os rostos extáticos daquelas mulheres suavemente possuídas, aqueles olhos fechados, aquela concentração. (COMOLLI, 2008b, p. 23-24)

Pode-se ver nessa passagem a ilustração de o que Comolli pensava sobre o “mundo” visível com e a partir do cinema. Ele achava que o cinema (no sentido mais ampliado, de um filme de longa metragem a uma tomada curta no aparelho celular) tinha de fato invadido e “tomado a cena” (tornado onipresente) no mundo contemporâneo. Incansavelmente, ele ilustrou isto a partir de exemplos seja da ficção, seja do documentário (por exemplo, a partir do filme Close-up, de Abbas Kiarostami, ou O quarto de Vanda, de Pedro Costa). Ele dirigia o seu olhar crítico sempre para o lugar do espectador, como alguém repleto de subjetividade e que assim deveria ser tratado pela obra cinematográfica, aquele que, de um lado, acredita no que vê, e, por outro lado, duvida sempre do que vê. Aqui, ele via o lugar de resistência do documentário de uma forma particular (mas também da boa ficção) em relação à sociedade do espetáculo: esta investe exclusivamente sua força narrativa e econômica na produção do consumo e de um público consumidor cada vez mais embriagado pelas narrativas curtas e fragmentadas, incapazes de abrir brecha para a dúvida, portanto, para o pensamento crítico. Nos tempos atuais, da indústria de produção de narrativas ficcionais à la fake news ou teorias conspiratórias do tipo QAnon – que se alastram produzindo “fatos” (políticos e econômicos) cada vez mais graves e desastrosos para a humanidade –, penso que é, mais do que nunca, urgente e necessário o pensamento de JL Comolli. É preciso que ele esteja presente e continue vivo entre nós seja na sua fortuna crítica e escrita originalmente em francês (muitos dos seus textos foram traduzidos para o português e publicados nos catálogos do forumdoc.bh ou na coletânea de Comolli, e estarão em breve disponíveis na plataforma online do festival) ou na sua filmografia. 

Comoli

Comoli

foto: Kátia Lombardi 

Para 2022, nesta singela homenagem, o forumdoc.bh organizará uma conversa com os “leitores e amigos” de Comolli em Belo Horizonte em torno de um filme emblemático da sua trajetória e da sua concepção de realização documentária (Les esprits du Koniambo, 2004). Aliás, foi numa entrevista em torno de Les esprits du Koniambo sobre e com o povo kanaque da Nova Caledônia (publicada na revista Devires 2004), feita por mim e a colega Claudia Mesquita com JL Comolli, que pudemos perceber a sua mais radical e fecunda ideia de cinema engajado e ao mesmo tempo compartilhado. Vale a pena revisitá-la na íntegra, por exemplo, a partir desta passagem:

Para mim, o desafio foi, no fundo, aquele da operação cinematográfica como tal: conceber a alteridade do outro sem reduzi-la (muito). Mostrar como esse ‘outro’ kanaque, bem longe de nós, franceses, ocidentais, brancos, e, além disso, colonialistas, podia nos falar, dirigir-se a nós, se fazer compreender e, melhor ainda, nos falar de nós, isto é, nos pensar. O cinema documentário permite esse pequeno e simples milagre, nele nós descobrimos que o outro filmado nos pensa também, que ele tem a sua ideia do que nós somos e do que nós fazemos. Para mim, isto é o que é levar verdadeiramente em conta a alteridade: não pensar o outro, mas pensar que o outro me pensa. (COMOLLI, 2004, p. 153)

Os textos de JL Comolli foram muito lidos e citados, ainda que inesgotáveis na sua compreensão, tal a sua radicalidade e sua profunda inserção num pensamento cinematográfico e filosófico bem erudito (desde os tempos áureos e dos amigos dos Cahiers du Cinéma, a partir dos anos de 1970, passando pelas fontes inspiradoras de Guy Debord, Michel Foucault e Jacques Lacan), sempre reciclado a partir de leituras atentas de textos e filmes bem atuais em torno de toda uma nova geração de cineastas na França e fora dali (dentre eles, citamos, en passant, Pedro Costa, Rithy Panh, Wang Bing, Avi Mograbi). Sei bem que, ao contrário dos textos, os filmes realizados por Comolli foram pouco vistos e, quando, menos ainda bem compreendidos, pois eram rigorosos na forma e na proposta (indispensável) de aplicação de um método de “como filmar o inimigo”, como filmar o corpo e a palavra, levar a sério o espectador como um ser pensante, não cair nos artifícios fáceis da música e dos cortes rápidos que embalam a maioria dos filmes de espetáculo. Este modo de escrever sobre o cinema e com o cinema de Comolli pode bem ser resumido nesta passagem de um texto de Pierre-Bouthier (2015, p. 3 e 20), tradução minha:

A primeira particularidade do dispositivo cinematográfico que Comolli coloca em prática para o conseguir o seu objetivo é isto: chegar ao real, sem o desejo de mostrar ou demonstrar, mas com o desejo de questionar. Nem direto, nem discursivo, o cinema de Comolli seria muito mais pensamento. Nem neutro nem partidário, ele prefere ser uma potência iluminadora. [...] Sem didatismo, sem espetáculo, sem maneirismo ou abstração, são filmes desarmados na sua legibilidade e na clareza, mantendo-se fiel à realidade, aos corpos e às palavras que filma. JL Comolli consegue imprimir no próprio tecido do seu cinema a sua consciência do significado político da nossa organização social, e da profundidade histórica do nosso tempo. O gesto de JL Comolli – discreto, atencioso, elusivo – ajuda-nos assim a compreender o que somos, onde estamos, o que nos organiza e nos mantém juntos: de certa forma, situa-nos, repara-nos e recria-nos. Esta modesta tentativa de dar ao espectador a inteligência, aquilo que o espetáculo televisivo omite ou não dá a ver, faz de Jean-Louis Comolli o cineasta indispensável do nosso tempo.

Ler os seus textos e ver os seus filmes ou de outros cineastas, na companhia de JL Comolli em Belo Horizonte, foi, sem dúvida, uma experiência inédita e fascinante, eu diria, transformadora na minha vida e naquela de meus diversos amigos do forumdoc.bh. Nosso festival, realizado numa cidade marginal em relação ao eixo cultural hegemônico do Brasil, nasceu pequeno, formado por uma audiência modesta, mas que, por isso mesmo, permitiu uma imersão completa e intensa nas salas de cinema (e fora delas). As sessões de filmes e debates junto com Comolli, que se encerravam quase já à meia-noite, se prolongavam nas mesas de nossos jantares, com vinho ou cervejas, numa conversa muito engajada e afetuosa sobre cinema, mas não só, sobre o que acabamos de ver e deixamos de ver, sobre o visível e o invisível, o campo e o hors-champ. Sem dúvida, Belo Horizonte foi, pelo menos por um tempo, um lugar de pensar e cultivar uma paixão intensa pelo cinema, onde se construiu uma verdadeira comunidade de afetos e de amigos! O forumdoc.bh precisa continuar esta comunidade com o cinema e com Jean-Louis, uma utopia tão necessária nos dias de hoje!

Já quase no final da sua vida, de Paris, acometido de uma doença sem cura, o nosso amigo Comolli não parava de escrever e de pensar em nós e no cinema, como pode ser visto nesta resposta a uma mensagem por e-mail, na data de 13 de fevereiro de 2022:

Que alegria, caro Ruben, ler a sua mensagem e ouvi-lo! Aqui, como você sabe, tenho um câncer de tireoide terminal. Tentei de tudo, fiz três operações, iodo radioativo, drogas experimentais, tudo: resisti a tudo isso. Não há muito a fazer senão esperar (afinal, tenho 80 anos de idade!). E até agora, não é assim tão mau. Sem dores ou infelicidades! Acabo de terminar um pequeno livro (a sair na coleção petits jaunes, editora Verdier, na data de 15 de maio, e que terei o maior prazer em te enviar). Chama-se: Jogar o jogo? Como estou bastante cansado (idade + doença), trabalho lentamente. Estão preparando um livro sobre o meu trabalho, e se concordar, gostaria de convidá-lo a escrever um pequeno texto sobre a nossa experiência comum em B.H. Falaremos sobre isso. Quero que saibam que ainda tenho memórias muito vivas e emotivas de você, do César, de todos de Belo Horizonte. Penso todos os dias no que está a passar entre vocês, e espero que estejam suportando! E, ainda, sonho em voltar a vê-los, aqui ou aí! Sinto a sua falta, terrivelmente. Tive a oportunidade de o conhecer e de descobrir o Brasil através de você. E na verdade, este é um evento central para mim! Envio a todos vocês o meu amor.

Não tivemos a chance deste reencontro! Jean-Louis Comolli faleceu no dia 19 de maio de 2022. Recebi a notícia de sua morte por meio de nossa amiga em comum, Ginette Lavigne. Chorei muito. Como queria ter tido a chance de vê-lo por uma última vez, como lamentei não ter tido a chance de realizar um filme na Amazônia, junto a ele, projeto sobre o qual escrevemos e sonhamos juntos! Li uma centena de saudações de despedida do mestre nos jornais e nas redes sociais, no mundo todo, em especial no Brasil e na França. Um e outro (copiei ao acaso, não posso citá-los) disseram: “Crítico, cineasta e grande teórico do cinema documentário, ele era partidário do cinema que instaura um compartilhamento entre quem filma e quem é filmado e, é claro, entre quem olha e quem escuta”. “Foi-se um dos grandes. Deixo aqui esse trecho de Jean-Louis Comolli que sempre volta para mim: ‘Se pensarmos que filmar não é mais suficiente, então convém passar a uma outra forma de luta, organizar-se, ir para a luta armada’”. O cinema ainda me parece ser a única engenhoca inventada pelo Ocidente e que é capaz de superá-lo, ou melhor, é a única criatura capaz de liquidar o criador e sonhar um outro mundo possível, já que o único povo capaz de segurar o céu, até aqui, é o indígena! 

Currículo

Ruben Caixeta de Queiroz

é professor de antropologia da UFMG.

Referências

COMOLLI, Jean-Louis. Corps et cadre: cinéma, éthique, politique (2004-2010). Lagrasse: Éditions Verdier, 2012.
______. Ver e Poder: a inocência perdida – cinema, televisão, ficção, documentário. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2008a.
______. Beleza do horizonte: uma viagem ao Brasil em novembro de 2005. Devires, v. 5, n. 2, p. 12-31, 2008b. 
______. Não pensar o outro, mas pensar que o outro me pensa (Entrevista com Jean-Louis Comolli). Devires, v. 2, n. 1, p. 148-169, 2004.
PIERRE-BOUTHIER, Marie. Jean-Louis Comolli ou l’intelligence du réel. Trafic, n. 93, 2015.