Sessões especiais

Duas crianças pregadoras buscam um caminho para uma vida melhor através da fé. Daniel Pentecoste, de 17 anos, foi o pregador infantil mais famoso do Brasil, mas, conforme cresce, enfrenta a frustração de um futuro incerto. João Vitor, aos 12, está no auge, com um milhão de seguidores. Entre lives e smartphones, prega para multidões. A voz de Deus revela as infâncias escondidas sob a construção de suas figuras públicas, oferecendo uma reflexão sobre um Brasil em transformação, onde política e religião frequentemente se confundem. Um ciclo se encerra e outro começa, em um país que já não é mais o mesmo.

A voz de Deus

Hyldon é uma lenda viva. Seu álbum de estreia, Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda, completa 50 anos – um clássico da música brasileira. Com canções inspiradas em histórias reais, o disco revela o soul romântico de um dos maiores nomes da nossa música popular.

As dores do mundo: Hyldon

É a semana de fechamento de semestre, e os professores se reúnem para realizar o conselho de classe.

Conselho

Durante a pandemia de Covid-19, um coletivo de cinema de quebrada recebe uma proposta: uma instituição que lucra com recursos públicos destinados a comunidades marginalizadas quer contratá-los para um projeto que retrata sua marca como aliada da cultura da favela. Dividido entre a sobrevivência financeira e a integridade política, o coletivo precisa decidir: vender sua imagem ou encontrar uma forma de subverter a encomenda?

Filme sem Querer

Para muitos brasileiros, as eleições de 2022 representaram a escolha entre a democracia e o autoritarismo. Para os povos indígenas da Amazônia, significaram mais que isso. A floresta, lar de todos eles, estava sob ataque do governo, de modo que a reeleição punha em questão a possibilidade de haver futuro. O filme acompanha pai e filha, durante os quarenta dias que antecederam o sufrágio.

Minha Terra Estrangeira

Em uma praia isolada nos anos 1970, no auge da ditadura brasileira, duas meninas esperam com o avô notícias de seus pais.

O Sol

Suçuarana narra a história de Dora, uma mulher que percorre estradas em busca de uma terra mítica sonhada com sua mãe. Guiada por um cachorro misterioso, atravessa paisagens devastadas pela mineração. Após um acidente, encontra abrigo em uma antiga fábrica habitada por trabalhadores que vivem em coletividade e que despertam nela a lembrança do lar que sempre procurou.

Suçuarana

“Yõg ãtak: Meu Pai, Kaiowá” conta a busca de Sueli Maxakali e Maísa Maxakali pelo pai, Luis Kaiowá, de quem foram separadas durante a ditadura militar no Brasil. O filme acompanha a jornada da cineasta para reencontrar o pai, bem como as lutas enfrentadas pelos povos indígenas Tikmũ’ũn e Kaiowá em defesa de seus territórios e modos de vida.

Yõg Ãtak: Meu Pai, Kaiowá

Diante de uma produção contemporânea cada vez mais intensa e diversa em termos formais e temáticos, e em relação a novos protagonismos autorais, imaginamos que nossos 29 anos de realização do forumdoc.bh não apenas acompanharam, mas também contribuíram para a ampliação e a reflexão sobre o cinema documentário no Brasil. As sessões especiais desta edição reúnem filmes de realizadoras e realizadores que, no decorrer dessas quase três décadas, participam desta conversa viva e têm partilhado a própria história do festival.

O forumdoc.bh é, antes de tudo, uma construção coletiva. Ele se sustenta em alianças históricas e afetivas, em gestos de admiração e amizade que atravessam o tempo e se reatualizam a cada edição. Nosso compromisso com o cinema passa pela crença na força da duração, na importância dos processos longos de pesquisa e criação – aqueles que, com frequência, dão origem a mais de um filme, ou se desdobram em novas formas de encontro e pensamento.

Gostamos de acompanhar o percurso das obras e das realizadoras, em que elas se transformam e persistem. Essa atenção ao tempo, ao amadurecimento das ideias e às continuidades invisíveis entre os filmes é também uma maneira de pensar a história do documentário brasileiro: um emaranhado vivo de diálogos, retornos e reinvenções que seguimos tecendo juntos. Por isso mesmo, nos propomos a acompanhar o desdobrar das obras e das realizadoras que conhecemos, e que retornam em anos consecutivos. 

A cada nova edição, o forumdoc.bh também oferece a quem chega – espectadores, cúmplices experimentando o mundo das imagens, compartilhando a sala escura – essa possibilidade de acompanhar trajetórias, de rastejar em trilhas especiais. Assim como o cinema extrai sua maior potência dos encontros, que continuemos sendo espaço para essas trocas atravessadas por imagens, mas que continuam para dentro e para além delas. 

forumdoc.bh.2025